quarta-feira, 28 de julho de 2010

Sonho de uma realidade perdida - Parte 2

Hoje trazemos a segunda parte da história que inciamos ontem intitulada Sonho de uma realidade perdida. Esperamos que continuem aproveitando esta narrativa que criamos para a publicação no blog.

Caminha num ritmo menos acelerado do que aquele o qual tomava para realizar o trajeto casa-trabalho e vice-versa. Até porque a declividade do terreno não era favorável a um caminhar acelerado e correr naquele momento se mostrava como algo sem sentido. Enquanto colocava um pé a frente do outro, perambulava pelos caminhos que em sua maioria eram estreitos e formavam curvas diante das casas que estavam ao seu redor. Não eram casas ou apartamentos do seu cotidiano e dos das pessoas com quem era chegado. Eram barracos construídos com papelão e outros materiais que facilmente poderiam ser encontrados no lixo, alguns ainda com o privilégio de ter uma parte construída em tijolos. Nelas se amontoavam uma quantidade esmagadora de pessoas. Zyndal dividia os contornos das ruas com crianças mal vestidas, correndo e brincando, algumas com galhos e uma ou outra que possuía um brinquedo que mais parecia um pedaço de sucata do que um brinquedo propriamente dito, com o cheiro putrificado da falta se saneamento básico. Ele sentia um aperto no peito ao ver todas aquelas cenas. Tão fixadas nelas, por pouco não esbarrara num menino que estava logo a sua frente.

Zyndal pôs-se a observar o jovem que estava a sua frente. Roupas maltrapilhas como as dos outras crianças e o cheiro peculiar o qual muitos dividiam por viver naquelas condições. Mas possuía em especial, um aspecto extremamente chamativo o qual não tinha notado nos outros residentes daquele espaço e que tirava a atenção de qualquer outra característica do jovem: os seus brilhantes olhos escuros entristecidos. Aqueles olhos que por si só poderiam descrever a palavra tristeza. Aquela criança trazia um olhar de tristeza que jamais vira em sua vida nem na vida real, nem na ficção. Por alguns minutos, ficaram se entreolhando. Não abriram a boca, apenas trocaram olhares. O momento interação se mostra bruscamente interrompido pela voz feminina grossa que ecoava de uma distancia não muito grande do local onde contracenavam. “Ô Zap,vem pra cá menino!”. Em resposta ao chamado, o menino correu entre os barracos ao encontro da voz.

Ao ver o jovem desaparecer entre as moradias, um sentimento confuso toma conta da mente de Zyndal. Todas aquelas imagens que via a sua volta lhe davam uma sensação de novidade e ao mesmo tempo, lhe pareciam ser... Familiares. No momento em que terminou sua linha de pensamento, seu olhar se direcionou ao céu. O que antes refletia o céu ensolarado e sem nuvens, começa a ser encoberto por densas nuvens púrpuras. Em poucos segundos, todo o azul reluzente foi consumido pelas trevas. Apenas um feixe de luz surgia entre o céu consumido, este apontando para um local entre os barracos, na mesma direção em que o menino havia desaparecido. Zyndal é tomado por um sentimento de desconfiança. Ele olha para trás e encontra um vulto, de tonalidade mais obscura que a do céu, apontando para aquela direção. Tomado pelo medo e ansiedade, Zyndal segue o caminho que Zap tinha acabado de percorrer.

A história de Zyndal continua amanhã, na terceira parte de Sonho de uma realidade perdida.
Postado por: Alisson Tres e Patrícia

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