terça-feira, 27 de julho de 2010

As faces do frio

Veja essa crônica escrita por Alexandre Fetter, uns dos mais importantes comunicadores do sul do país sobre o inverno, publicado no jornal Zero Hora:
As faces do frio
Quando nós fomos convidados a participar deste espaço pensei em discorrer sobre as maravilhas do inverno.
Desfrutar da possibilidade de imaginar com os leitores os cheiros e gostos da estação do frio, que aguça o paladar e nos faz querer esquentar partes do corpo que nem lembrávamos mais que existiam. O momento sublime do banho e da cama quente. Todas as sensações às quais estamos acostumados. Mesmo com as queixas sobre o frio e a umidade.
Vivemos aqui no Sul, o inverno mais rigoroso do país, e sabemos tirar proveito disso com elegância e criatividade. Até optamos por ir para a Serra ao encontro do frio. Fogões à lenha, sopas, vidros embaçados, pisos e lençóis térmicos, casacos de pena de ganso, bancos do carro que esquentam. O mate, o café preto forte, o feijão, o secador de toalhas no banheiro, a secadora de roupas, a manta e a touca, o vinho. Necessidades básicas atendidas para amenizar a chatice da estação.
Para quem circula na faixa social entre remediados e ricos, o inverno é mais um motivo para buscar alternativas de diversão, entretenimento e boa gastronomia. Cafés coloniais, galeterias e cantinas, tudo sempre lotado e muito disputado. Barriga cheia e corpo quente é definitivamente a combinação perfeita para passar-se bem pelo inverno.
Num outro quadro, a disputa acirrada por vagas debaixo de pontes e marquises. O chão duro, frio e úmido da casinha pobre ou da rua. A roupa molhada. As filas nas emergências, as doenças respiratórias. As crianças de rua.
A comida, que quando tem é quase sempre fria, exceto quando aquelas pessoas especiais de espírito diferenciado abandonam o conforto de seus lares e saem à rua a distribuir sopa e agasalhos para esses pobres miseráveis. Quem já não viu esta cena? Quem já não foi tocado por esta cena?
Quem é capaz de fazer igual?
A vida ao relento e sua triste sentença.
O inverno separa ainda mais pobres de ricos pelos hábitos. Só os une na esperança de que dias mais secos e quentes não demorem a chegar.

Comentário sobre a crônica
Como se pode observar, o inverno, mais do que as outras estações, deixa plenamente visível as diferenças entre as classes sociais. Enquanto os mais ricos tem suas necessidades atendidas e podem ter um certo conforto nessa estação tão horrível, os mais pobres sofrem ainda mais, pois não tem condições de ter todos os "aliviadores" de frio que os mais ricos possuem.
Porém também é pertinente destacar as ações solidárias das pessoas, que mesmo tendo o conforto em casa e podendo não sair em seus horários de descanso no frio, o fazem para ajudar aqueles que tem condições de vida precárias e que necessitam dessa ajuda.
A única coisa que une todas as pessoas no inverno é de fato o desejo pela volta do verão.
Postado por: Clei

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