terça-feira, 20 de julho de 2010

Educação é 2º fator de desigualdade social, diz Ipea

A educação é o segundo fator para a desigualdade entre ricos e pobres no Brasil - perde apenas para o acesso à cultura. A conclusão é do estudo Gasto e Consumo das Famílias Brasileiras Contemporâneas, divulgado nesta semana pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

O trabalho aponta que as famílias mais ricas gastam 30% a mais que as mais pobres e que quanto maior a renda per capita e o nível de escolaridade dos chefes de família, maior a parcela das despesas com educação.

Enquanto no biênio 1987/88 as despesas das famílias mais ricas brasileiras eram 11,9 vezes superiores às das mais pobres, em 2002/03 essa diferença cresceu para 24,5 vezes, sobretudo pelo aumento com gastos nos cursos regulares - de 13,9 para 44,5 vezes. Em 2002/03, os itens que apontam maior desigualdade de despesas entre as classes sociais brasileiras são os cursos de pós-graduação e os de idiomas, seguidos pelos de ensino superior e médio.

De acordo com o estudo, os gastos com cursos de pós-graduação são praticamente nulos entre as famílias mais pobres do Brasil. Outro indicador de desigualdade é que as despesas das famílias mais ricas com cursos de idiomas superam em até 800 vezes as das mais pobres.

A pesquisa aponta ainda que educação foi o item que mais cresceu no orçamento das famílias: os gastos passaram de 3,16% em 1987/88 para 4,26% em 1995/96, e para 5,50% em 2002/03. O aumento dessas despesas de 1987 a 2003 foi maior na região metropolitana de Goiânia, seguida pelas de São Paulo, Brasília e Belo Horizonte.

Os maiores gastos foram com os cursos regulares (pré-escolares, fundamental, médio e superiores), que em 1987/88 representavam 44,80% do total despendido com educação e em 2002/03 subiram para 66,47%. Os pesquisadores creditam essa alta à expansão da rede privada de ensino nos últimos 15 anos. Neste período, só as matrículas no ensino superior privado cresceram 174%, enquanto no público aumentaram 79,8%.

Para o ensino fundamental e o médio, o percentual de matrículas nas escolas privadas caiu de 12,2% para 9,2% em 1991/02, e de 27% para 12,9%, respectivamente. Segundo o estudo do Ipea, o aumento das mensalidades no período contribuiu para a queda nestes indicadores.

No entanto, segundo a economista Tatiane Menezes, professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e uma das pesquisadoras da obra, as famílias mais ricas do conjunto da sociedade continuaram a procurar mais as matrículas de seus filhos nas escolas privadas do sistema básico (fundamental e médio), em razão da queda na qualidade do ensino público para essas faixas.

Fonte: Portal Terra de Notícias (Agência Brasil) Disponível em: http://noticias.terra.com.br/educacao/interna/0,,OI1708139-EI8266,00.html

Comentário sobre a reportagem:

Como podemos perceber, a diferença de investimento entre as classes mais ricas e mais pobres da sociedade é imensa e em alguns casos continua a aumentar com o passar do tempo. Mas porque isso acontece e o que isso causa?

Isso é causado principalmente pela falta de recursos que as famílias mais pobres para investir em educação. Apesar das diversas políticas assistencialistas adotadas pelo atual governo, essas não são suficientes para servir para o investimento em educação e o recurso dado acaba por ir para outras áreas, como alimentação e em alguns casos para supérfluos como crédito para celular. Também há casos em que o pai ou a mãe alcoólatras acabam por usar esse dinheiro para manter seus vícios ao invés de gastar no futuro de seus filhos.

Mas qual a consequência disso? O aumento progressivo do abismo entre as diferentes classes sociais. O pobre acaba por não ter acessos aos empregos de melhor salário e acaba por ficar mais pobre, enquanto o mais rico tem acesso às melhores vagas e fica cada vez mais rico.

Porém nada disso ocorreria se o ensino básico e médio, principalmente, fornecidos pelos poderes públicos de forma gratuita tivesse uma boa qualidade. Falta de infra-estrutura aliada a professores com baixas remunerações e alunos com pouca perspectiva de crescimento pessoal acaba por sepultar a qualidade do ensino público e assim aumenta ainda mais o abismo entre as classes.

Postado por Clei

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