terça-feira, 27 de abril de 2010

Os shoppings e as desigualdades sociais

Dando continuidade ao que foi trabalhado na postagem sobre consumismo, hoje trataremos especificamente sobre um dos simbolos máximos do capitalismo: os shopping centers.

Shoppings são definidos como os locais que possuem em seu interior uma série de estabelecimentos comerciais, além de outros voltados para o lazer, como salas de cinema ou playgrounds. Estes são ditos como o símbolo do capitalismo, sendo que eles refletem bem a realidade a qual o capitalismo há anos vem construindo: de um mundo voltado para o consumo de bens industrializados.

As inúmeras opções para consumo e lazer que os shoppings proporcionam os popularizaram, sendo muitas vezes a primeira opção para qualquer necessidade que ocorrer a uma pessoa. Se você precisa comprar uma roupa, o shopping possuí dentro de sua estrutura várias lojas onde você pode escolher aquilo que melhor lhe servir. Se você quiser passar o tempo e se entreter, o shopping também tem uma grande variedade de opções para você se divertir, como cinema, lan house, boliche, etc... Precisa de um lugar para encontrar-se com os amigos? Todo mundo conhece a localização de um shopping, sendo que seu agradável ambiente é perfeito para poder sair com os amigos. E assim poderíamos infinitamente continuar esta linha de raciocínio. Com essa facilidade para obter aquilo que desejamos, muitos poderiam até considerar os shoppings como um lugar mágico onde poderíamos alcançar a felicidade. Mas será que é realmente assim que essa história funciona?



A letra da música dos Mamonas Assassinas “Chopis Centis” reflete perfeitamente a idéia desse sentimento de felicidade que estes estabelecimentos podem nos proporcionar com tudo o que ele nos põe a disposição. Mas neste sentimento, mora a ingenuidade. Estes estabelecimentos demonstram uma imagem que é ilusória e contrária ao que a nossa realidade realmente é. Os shoppings são construções modernas e gigantescas, de esbelta arquitetura, em excelentes condições sanitárias. Agora, as moradias e bairros onde mora a grande parcela da população apresentam as mesmas de características de um shopping? Não, não apresentam... Estes centros do comércio e lazer são, acima de tudo, um espaço destinado para as classes sociais mais elevadas, obviamente sendo elas as pessoas de melhor situação econômica, são elas que têm condições para desfrutar dos serviços pagos de um shopping, tornando este um estabelecimento de difícil acesso para a grande maioria da população de renda inferior. Logo, o shopping center se torna não somente um espaço agradável para a família e amigos e um símbolo do capitalismo, mas também um dos mais claros exemplos das desigualdades sociais em nosso mundo.

Há pouco tempo atrás inclusive foi realizado numa aula da disciplina de geografia um breve debate referente aos shoppings. É interessante lembrar o que foi comentado sobre o fato de que o shopping aqui da nossa cidade, que recentemente se caracterizou pela sua expansão, teria acoplado à sua estrutura um condomínio. Um ponto importante daquela discussão foi a idéia de que além de você já ter a sua disposição um espaço onde você já consegue realizar qualquer necessidade, imagine então praticamente ainda morar neste local! A necessidade de sair para a rua diminuiria drasticamente. Quando pesquisado sobre shoppings, diversos autores descreveram os shoppings como pequenas cidades quanto ao funcionamento. Com essa expansão, estes estabelecimentos realmente poderiam virar cidades. E com iniciativas como essa, continua um processo de alienação que continua a incentivar o consumo, podendo tornar as pessoas não somente mais consumistas, mas também mais comodistas. Comodismo que poderia nos fazer esquecer cada vez mais da realidade de miséria que muitas pessoas vivem no globo (e pensando mais afundo nisso, não é qualquer um que teria acesso a estes apartamentos, não é verdade?). Assim, uma coisa vai levando à outra, que nem numa fileira de peças de dominós sendo derrubadas.

Se te perguntassem para falar sobre os shoppings, você provavelmente apenas responderia dizendo algo parecido com os dois primeiros parágrafos desta postagem. E provavelmente nunca se quer teria pensando em toda essa realidade que existe por detrás destes gigantescos estabelecimentos.

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