terça-feira, 22 de junho de 2010

A obra de Cândido Portinari

Auto-Retrato. 1957. Óleo sobre madeira. 55 x 46 cm.

A arte inúmeras vezes serviu de instrumento para a propagação de idéias e sentimentos. Cândido Portinari, um dos mais renomados pintores brasileiros, trabalhou extensivamente com a temática das desigualdades sociais em sua obra, procurando retratar a dor que existe no desequilíbrio social que até hoje caracteriza a nossa sociedade.

Nascido em uma fazenda de café nas proximidades de Brodósqui no estado de São Paulo, este imigrante de italianos começa a demonstrar dotes artísticos desde a sua adolescência. Aos quinze anos de idade foi estudar na Escola Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro e logo começou a ganhar notoriedade entre os colegas e professores. Suas habilidades lhe garantiram medalhas de ouro no Salão da ENBA, ganhado em 1928 uma viagem para a Europa. Com a experiência obtida no exterior, o artista volta ao Brasil em dois anos com sua estética completamente renovada, além de ter desenvolvido um interesse social muito maior. Nos anos seguintes continuou criando obras que adquiriam destaque internacional, também trabalhando em esboços e murais ao redor do mundo. Chegou a se juntar ao Partido Comunista Brasileiro, mas nunca chegou ao poder. Desiludido pela derrota e temendo a caça que era realizada contra os comunistas, passou quatro anos no Uruguai, até que foi chamado de volta à sua pátria por uma anistia. A partir dos anos 50 passou por graves problemas de saúde, apresentando sinais de envenenamento pelo chumbo contido nas tintas. Apesar disso, o artista continuou desenvolvendo seus trabalhos, até a doença culminar-se em sua morte em 1962. Durante a sua vida, Portinari desenvolveu em torno de cinco mil obras, além de outras realizações como um painel para a Biblioteca do Congresso dos EUA, o altar da Igreja de São Francisco de Assis, em Belo Horizonte e os painéis “Guerra” e “Paz” que fez para a ONU.

Criança Morta. 1944. Óleo sobre tela. 176 x 190 cm.

Índia e Mulata. 1934. Óleo sobre tela. 72 x 50 cm.

Analisando as suas obras, é visível o foco na denuncia das desigualdades sociais na grande maioria delas. Estas traziam imagens do cotidiano das classes mais baixas, destacando-se principalmente os trabalhadores rurais e suas famílias. A tendência ao uso de tons escuros caracteriza a realidade destas pessoas, ao retratar o trabalho (muitas de suas obras mostravam vastas plantações com seus respectivos trabalhadores), as tristezas (como pode ser visto na obra Criança Morta), a realidade do meio em que vivem (a obra Índia e Mulata mostra um pouco da destruição da flora brasileira, provavelmente causada pelo rico homem branco), a miséria (notável em Retirantes) e a simplicidade de suas vidas (algo que pode ser observado na tela Flautista). O estudo e análise destas obras pode se tornar muito relevante quando se discute sobre as desigualdades sociais. Apesar de terem sido pintadas entre os anos 40 e 60, elas ainda conseguem retratar o cenário de pobreza que caracteriza grande parcela da população. A seguir temos mais algumas de suas brilhantes obras para poderem ser contempladas:


Retirantes. 1944. Óleo sobre tela. 190 x 180 cm.

Flautista. 1934. Óleo sobre madera. 46 x 37,5 cm.

Chorinho. 1942. Têmpera sobre tela. 225 x 300 cm

Postado por: Alisson Tres

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